Lagos, 02 de Abril de 2012
A massa salarial numa empresa
Já tenho falado e escrito sobre isto, mas agora decidi colocar este assunto no blogue. É muito importante saber até onde a empresa pode ir na atribuição de salários porque se os custos passam a ser superiores às receitas a empresa não dura muito tempo e o bom é que a empresa faça no mínimo um ciclo de vida. É bom para o país e para os que investiram na empresa.
Não há família, empresa, país que sobrevivam muito tempo com despesas superiores às receitas; então é bom não deixar este assunto ao acaso e tentar evitar os limites. Claro que os gestores não se preocupam muito com esta matéria, pois se a empresa onde trabalham for à falência, ninguém lhes vai pedir contas e, depois dos salários chorudos que se atribuíram a si próprios, os amigos lhes encontrarão outras empresas para praticarem os mesmos serviços.
Contudo, pensemos nos gestores idóneos. Esta é uma matéria do foro do planeamento. Assim a sua base são estimativas com base em resultados dos anos anteriores e previsões sobre os mercados porque se uma empresa não conseguir vender o que produz (bens ou serviços) não gera receitas em geral e, portanto os seus recursos humanos “trabalharam para aquecer”.
Em geral, podemos dividir as empresas em empresas de capital intensivo e em empresas de trabalho intensivo e é importante ter isto em consideração para determinar a percentagem das receitas que vai ser atribuída à massa salarial. Contudo neste ponto recordo-me sempre do Japão que sempre estiveram na vanguarda da inovação dos equipamentos desde gadgets, computadores e computação, robôs, … Começaram substituindo homens/mulheres por máquinas, mas depressa perceberam que as máquinas não compram nem os produtos que produzem; só homens e mulheres. Então desistiram de lutar pelos 100% de informatização e estabeleceram metas mais baixas e começaram a lutar pelo pleno emprego porque são os trabalhadores manuais (de colarinho azul), os operacionais e a classe média que fazem a maior parte das compras e, portanto dão oportunidade ao escoamento da produção. Assim subiram os salários mínimos para um nível razoável para que estes pudessem comprar mais.
Porque é que isto acontece? Tem tudo a ver com psicologia e sociologia e as expectativas que as receitas de cada um permitem. Agora ocorreu-me o facto do nosso presidente da república atual se queixar de que os seus dez mil euros não chegam para as suas despesas; pois as despesas de um presidente da república são muito superiores e as suas necessidades às necessidades e despesas dos operacionais ou trabalhadores manuais. São de outro tipo/género; mas quem compra mais na economia portuguesa e em maior quantidade são os operacionais/trabalhadores manuais se lhes derem essa possibilidade porque são em muito maior número.
As expectativas dos operacionais/trabalhadores manuais não são de grandes investimentos/poupanças porque as suas receitas não lhes permitem ter esses sonhos. Os seus sonhos baseiam-se em dar uma vida melhor aos filhos, em conviver/socializar e comprar objectos que lhes dêem conforto e estatuto social que atribuem aos objectos mais caros e o marketing faz o resto, pois estes estratos são mais influenciáveis.
Portanto, o melhor é fazer uma estimativa baseada num valor médio de receitas da empresa. Considera-se esse valor 100% e 100% para a divisão da receita pelos custos da empresa e atribuem-se percentagens:
- manutenção e renovação do equipamento;
- reservas;
- despesas fixas e variáveis (excluindo a massa salarial);
- massa salarial;
- lucro da empresa;
- …..
Quando todas as áreas de despesas estão inseridas e perfazem os 100%; pega-se na massa salarial que se considera 100% e subdivide-se por vários níveis. Cada vez mais há menos níveis salariais porque o homem-máquina da linha de montagem vai sendo substituído por equipas de trabalho mais qualificadas e com mais responsabilidades no que fazem e o salário deixa de ser fixo para passar a ter uma parte fixa e uma parte variável dependendo do desempenho e das decisões da equipa de trabalho.
Quantos níveis salariais? Depende do sector onde está inserida a empresa e das qualificações dos seus recursos humanos.
Depois faz-se o mesmo para cada um dos outros itens atribuídos.
Depois talvez se possam usar estes parâmetros por uns cinco anos … depende de vários factores como nível de utilização da capacidade instalada, da rotação dos produtos em armazém, da possibilidade de encontrar novos mercados, da vontade dos gestores, ….
O
mesmo processo pode ser usado para elaborar o Orçamento Nacional
para o ano seguinte. Prevê-se qual será o PIB e considerando-o
100%, faz-se a sua distribuição, em percentagem, pelos itens das
despesas para o ano seguinte. Não esquecer Despesas
Extraordinárias que, em princípio, não deve ser usado na
totalidade para ajudar os outros itens em que foi necessário
desequilibrar para o défice, deslocando este valor do saldo agora do
Balanço Nacional.
Por
exemplo, os itens Educação, Justiça, Saúde,
Defesa, … são-lhes atribuídas percentagens do PIB; depois
cada uma destas percentagens é considerada 100% que se distribui
pelos subitens. Por exemplo: Educação terá como subitens Nível
pré-escolar, Ensino Básico, Ensino Unificado,
Ensino Secundário, Ensino Universitário pelos quais
serão distribuídos os 100% de Educação. De seguida, cada um
destes itens pode ser considerado 100% que serão distribuídos por
subitens como Recursos Humanos, Renovação do Parque Escolar,
Equipamentos, … O que faltar da atribuição do PIB poderá ser
colmatado com capitais privados ou não, mecenas …, beneficiando-os
com incentivos fiscais na medida do possível.
Claro
que todas estas atribuíções têm conscientemente uma escolha
política. Por isso, este instrumento de trabalho
para a elaboração de Orçamentos pode sempre ser corrigido pela
força política que está no Governo do país. Agora é importante
não permitir derrapagens, pois cada um sabe de antemão com o que
pode contar do PIB e a necessidade de recorrer ou não a outros
capitais.
São
previsões que podem ajudar muito no equilíbrio dos Balanços.❐
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