quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Medidas Problemáticas

Lagos, 06 de Novembro de 2011
A economia pertence aos grupo das Ciências Humanas porque o seu objecto e objectivo último são as pessoas. Principalmente quem governa, seja a que nível for, não pode esquecer que toma decisões para o desenvolvimento do país que existe pela sua população e que directa ou indirectamente vai afectar pessoas positivamente ou negativamente. E também não pode esquecer que está a governar para toda a população; não só para a que o(a) elegeu. Todos são afectados pelas suas medidas e a sua obrigação é manter a população num nível satisfatório geral. Quem se sente prejudicado/injustiçado tem todo o direito de reclamar e há que ter essas reclamações em atenção porque elas são o barómetro dos resultados/consequências das medidas que vai tomando, para corrigir. Sem este barómetro poderia trabalhar muito, mas como não corrige por ignorância, vai de mal a pior até fazer cair num abismo toda a população. É muito importante qualquer governante estar atento às vozes e movimentações da sociedade em geral para ir fazendo as devidas correcções. 
Decidir cortar os subsídios de dois salários: 13.o e 14.o talvez para dar margem de negociação à oposição; foi uma decisão errada politicamente porque dá vantagem política à oposição e faz a linha política onde está inserido perder posições, pois é uma medida que afecta muita gente negativamente. É mau jogo dar tantos pontos ao adversário!
Se achava que poderia cortar apenas o subsídio de um salário; isso deveria ter apresentado logo, talvez não ganhasse pontos, mas também não perdia, oferecendo bastantes pontos à oposição. Qualquer governante está sempre a fazer política, mesmo que o seu ministério seja economia.

As empresas privadas agradecem que a Segurança Social corte estes subsídios só aos funcionários públicos e reformados e não ao sector privado; talvez o objectivo seja inverter a posição procura/interesse entre privado e estatal, demonstrando que cada vez mais o privado está a ficar mais aliciante do que o estatal. Têm esse direito!

Por outro lado, sugerir às empresas aumentar em meia-hora o horário de trabalho dos seus colaboradores, pagando o mesmo salário, para participarem no aperto que os funcionários públicos estão a sofrer para se ultrapassar a crise (?) talvez cortar-lhes estes subsídios ajudasse e não criaria vítimas e privilegiados numa sociedade tão pequena e com uma classe média tão sofrida, também foi uma decisão infeliz. As pessoas não são máquinas. As máquinas, pomo-las a trabalhar mais meia-hora e elas produzem o correspondente a essa meia-hora de produção dentro do estabelecido para produzirem.  
Então se as pessoas fossem máquinas (só que as máquinas não consomem o que é produzido só as pessoas), a empresa aumentaria talvez a sua produtividade porque

PRODUTIVIDADE DO TRABALHO – Valor acrescentado bruto (VAB) por trabalhador. Obtém-se dividindo o VAB da empresa pelo número de trabalhadores ao seu serviço. Mede a eficiência das firmas na utilização dos recursos humanos. Comparações entre a produtividade de empresas de diferentes sectores devem ser feitos com cuidado. Tal como entre sectores de actividade diferente se deve cuidadoso. Por exemplo, uma indústria de capital intensivo terá, em condições normais, uma produtividade do trabalho superior a uma indústria de mão-de-obra intensiva.

VALOR ACRESCENTADO BRUTO (VAB) – Soma das vendas totais, trabalhos para a própria empresa, variação de produções, subsídios destinados à exploração e receitas suplementares, menos os consumos intermédios. Alternativamente, o VAB poderia ser calculado somando os impostos directos, despesas com o pessoal, despesas financeiras, outras despesas e encargos, amortizações, reintegrações e provisões do exercício, perdas extraordinárias do exercício e de exercícios anteriores e resultados líquidos e subtraindo as receitas financeiras correntes, ganhos extraordinários do exercício e de exercícios anteriores.

Contudo, há que ter em atenção que mais meia-hora de trabalho implica obrigar pais e mães a ficarem aflitos com os seus filhos que estão à sua espera e mil e uma tarefas domésticas que ficam atrasadas porque estes colaboradores não ganham para ter empregadas(os) que façam estas tarefas por eles como muitos dos decisores. Então significa que eles não vão produzir o que produzem nos seus tempos mais produtivos. Pelo contrário, porque eles já estão cansados e desmotivados é muito natural que haja bastantes acidentes de trabalho neste período o que vai provocar a ausência dos acidentados por um período mais ou menos longo; logo diminuição do índice de produtividade.

Por outro lado, ter a empresa a laborar mais meia-hora implica aumento dos custos fixos, pelo menos.

E o que é que o Estado recebe a mais por toda esta situação supostamente a criar?

Nada, porque na verdade, se a empresa não conseguir vender este suposto excedente de produção não realiza dinheiro, aumenta os custos dos produtos em armazém e os seus lucros não apresentam aumentos no final do exercício anual e portanto não há aumento de impostos para o Estado.

Na verdade, esta medida sugerida parece mais um castigo para os trabalhadores do privado, significando que o cortes nos salários do sector estatal é feito como um castigo. Mas como? De que culpa são estes acusados? Não foram eles os causadores da crise em nenhuma fase desta.

Estamos numa fase de recessão e muitas empresas não conseguem vender o que produzem ou os serviços que prestam e por isso há tantas empresas a falir. Como se justifica este suposto aumento de produção? Os empresários/gestores devem pensar 'mas vamos vender este excedente de produção a quem? Só se for ao Senhor Ministro!!!!'

Nada disto faz sentido!!!!!!!!

A solução não está em aumentar a produção, baixando o custo da mão-de-obra operacional que está a um nível terceiro-mundista e, por isso, com o apoio dos restantes países da UE, nos últimos tempos, Portugal vinha a aumentar anualmente o salário mínimo. Agora temos problema quando a empresa paga salários terceiro-mundistas aos colaboradores operacionais e paga salários superiores aos salários dos quadros superiores congéneres nos países mais desenvolvidos economicamente da União Europeia quando eles apresentam volumes de vendas muito superiores aos das empresas portuguesas. A solução não passa por escravizar os colaboradores operacionais, mas resolver o problema dos salários dos quadros superiores e encontrar mercados para vender a produção nacional.   
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