sábado, 25 de agosto de 2012

As minhas leituras: “Para onde vai a teoria económica?”


Venho partilhar convosco estes textos de economia do ano de 2010, mas que estão sempre atuais. Fico contente se forem úteis a alguém.

in revista EXAME n.o316 de Agosto de 2010; editora IMPRESA Publishing, Lisboa.

Para onde vai a teoria económica?”; texto de João Silvestre e Jorge Nascimento Rodrigues; pp.106; Temática: ECONOMIA & CONJUNTURA.

John Maynard KEYNES (1883-1946)

O economista britânico voltou à ribalta quando a crise financeira rebentou e surgiu a ameaça de uma nova grande depressão. A velhina teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda saltou rapidamente das estantes e serviu de guião ao combate à crise. No ano passado (2009), parafraseando Milton Friedman, foram todos keynesianos. Para combater a recessão, voltaram as medidas de estímulo orçamental e uma vigorosa intervenção dos bancos centrais. Keynes, cujo pensamento passava pela necessidade do Estado estimular a procura agregada através da despesa, sempre privilegiou o curto prazo ao longo prazo preferido dos economistas clássicos. Tam até uma frase famosa No longo prazo, estamos todos mortos, numa alusão ao facto dos clássicos acreditarem que, no longo prazo, os mercados tendem para o equilíbrio. O cenário mais negro de uma nova depressão não se confirmou, mas os défices e a dívida cresceram e a teoria geral voltou à estante.

LUDWIG VON MISES (1881-1973)

Nasceu no antigo império austro-húngaro (em território da atual Ucrânia) e morreu em Nova Iorque. É tido como o maior expoente da Escola Austríaca pró-mercado e anti-intervencionismo do Estado. É considerado um purista, resistente a qualquer contágio pelo keynesianismo ou pelo pragmatismo político e é atualmente a referência principal do moderno movimento libertário nos Estados Unidos. Mises deu consistência à ideia de utilidade marginal e que só o mercado pode determinar flutuações no preço pelo que toda e qualquer regulação tem de ser interpretada como um preço fixo. Defendeu a ideia de acção humana como pró-activa contra qualquer esquema estatista numa das suas obras de referência Acção Humana: Um Tratado sobre Economia (1949). O Mercado Livre e os seus Inimigos é uma colectânea de conferências suas de 1951 e é outro dos livros de referência que vem na esteira de obras iniciais como Liberalismo e A Crítica do Intervencionismo escritas nos anos 1920. Milton Friedman, o pai do monetarismo da Escola de Chicago, considerava-o intolerante e a revista The Economist chegou a escrever que o seu estilo de debate era próprio do Hyde Park.

Friedrich August HAYEK (1899-1992)

É o economista mais conhecido da chamada Escola Austríaca em que Mises é tido como o purista, enquanto Hayek é acusado de pragmatismo político e de compromisso. Nasceu na Áustria e tornou-se cidadão inglês em 1938. Nos anos 1930, travou uma polémica pública com Keynes sobre como deveria o Estado democrático lidar com a Grande Depressão que foi ganha pelo lorde inglês ao defender uma intervenção activa dos Governos a título excepcional naquele contexto. Mas no debate político, entre mercado capitalista e planificação socialista, Hayek teve razão por antecipação contra os que no ocidente defendiam um crescente papel do Estado na economia e na sociedade e se deixavam inebriar por uma alegada superioridade da planificação. Em 1944, com o magistral O Caminho para a Servidão e depois com a A Ordem Sensória de 1952 passou a ser um marco neste confronto, mas sempre estabeleceu uma fronteira entre a sua filosofia pró-mercado e anticolectivista e o conservadorismo. Recebeu o Nobel em 1974. É considerado uma referência numa das variantes da teoria dos ciclos económicos onde critica o papel do crédito na criação de bolhas.

Hyman MISNKY (1919-1996)

Apesar de nativo de Chicago, atirou uma seta envenenada às hipóteses da eficiência dos mercados e da racionalidade dos agentes económicos. A sua hipótese era outra: o sistema financeiro da economia de mercado é intrisecamente instável e conduz a um padrão repetitivo de euforias e derrocadas. A única saída é política – a da regulação. Uma das suas sínteses mais citadas explica a engrenagem "A hipótese da instabilidade financeira baseia-se num modelo de uma economia capitalista que não depende de choques externos para gerar ciclos económicos de severidade variada. A hipótese refere que os ciclos económicos da história são compostos por dois elementos: 1) A dinâmica interna das economias capitalistas; 2) o sistema de intervenções e regulações que é desenhado para manter esta economia a operar em limites razoáveis." Morreu em 1996 sem ver a consagração dos seus avisos nos crashes de 2000 e depois na crise do subprime de 2007 e no pânico financeiro de 2008. Muitos economistas reconhecem-no atualmente como a principal referência para a compreensão do sistema financeiro contemporâneo e deploram o facto de ter ficado tantos anos na prateleira.

Eugene FAMA (1939-....)

É o pai da teoria dos mercados eficientes (EMH – eficient markets hypothesis) que o tem colocado, ano após ano, na corrida ao Nobel da Economia. Esta ideia proposta em 1970 por este economista norte-americano com quatro filhos e dez netos que, aos 71 anos continua a leccionar na Universidade de Chicago, defende que o preço dos activos reflecte toda a informação disponível em cada momento e que, por isso, os investidores não conseguem ter ganhos anormais. Uma forma de dizer que o mercado é perfeito na avaliação dos activos, algo que esta crise e várias outras vieram contradizer. Doutorou-se em 1964, com a tese The Behaviour of Stock Market Prices na Universidade de Chicago onde sempre deu aulas. Confessou recentemente não ter noção de que a sua teoria era seguida tão de perto nos mercados financeiros.

Robert LUCAS (1937-....)

Também da Universidade de Chicago onde se doutorou em 1964, como Eugene FAMA, Lucas trouxe para a teoria económica as expectativas racionais. Um conceito que o ajudou a chegar ao Nobel em 1995 e que defende que os agentes económicos são racionais nas suas decisões, que usam de toda a informação disponível e que não cometem erros sistemáticos. Algo bastante útil para a resolução de modelos matemáticos, já que isto significa que os agentes conhecem o modelo e decidem com base nele. Uma ideia que se aproxima da eficiência dos mercados de FAMA e que, no fundo, significa que os agentes utilizam de forma eficiente e racional a informação que têm disponível. Filho de dois admiradores do New Deal de Roosevelt, foi um dos economistas que mais contribuiu para contrariar as ideias keynesianas a partir da década de 1970.


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