Venho
partilhar convosco estes textos de economia do ano de 2010, mas que
estão sempre atuais. Fico contente se forem úteis a alguém.
in
revista EXAME n.o316
de Agosto de 2010; editora IMPRESA Publishing, Lisboa.
“Para
onde vai a teoria económica?”;
texto de João Silvestre e Jorge Nascimento Rodrigues; pp.106;
Temática: ECONOMIA & CONJUNTURA.
John
Maynard KEYNES (1883-1946)
O
economista britânico voltou à ribalta quando a crise financeira
rebentou e surgiu a ameaça de uma nova grande depressão. A velhina
teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda saltou rapidamente das
estantes e serviu de guião ao combate à crise. No ano passado
(2009), parafraseando Milton Friedman, foram todos keynesianos. Para
combater a recessão, voltaram as medidas de estímulo orçamental e
uma vigorosa intervenção dos bancos centrais. Keynes, cujo
pensamento passava pela necessidade do Estado estimular a procura
agregada através da despesa, sempre privilegiou o curto prazo ao
longo prazo preferido dos economistas clássicos. Tam até uma frase
famosa No longo prazo, estamos todos mortos, numa alusão ao facto
dos clássicos acreditarem que, no longo prazo, os mercados tendem
para o equilíbrio. O cenário mais negro de uma nova depressão não
se confirmou, mas os défices e a dívida cresceram e a teoria geral
voltou à estante.
LUDWIG
VON MISES (1881-1973)
Nasceu
no antigo império austro-húngaro (em território da atual Ucrânia)
e morreu em Nova Iorque. É tido como o maior expoente da Escola
Austríaca
pró-mercado e anti-intervencionismo do Estado. É considerado um
purista, resistente a qualquer contágio pelo keynesianismo ou pelo
pragmatismo político e é atualmente a referência principal do
moderno movimento libertário nos Estados Unidos. Mises deu
consistência à ideia de utilidade
marginal
e que só o mercado pode determinar flutuações no preço pelo que
toda e qualquer regulação tem de ser interpretada como um preço
fixo. Defendeu a ideia de acção
humana
como pró-activa contra qualquer esquema estatista numa das suas
obras de referência Acção
Humana: Um Tratado sobre Economia
(1949). O
Mercado Livre e os seus Inimigos
é uma colectânea de conferências suas de 1951 e é outro dos
livros de referência que vem na esteira de obras iniciais como
Liberalismo
e A
Crítica do Intervencionismo
escritas nos anos 1920. Milton
Friedman,
o pai do monetarismo da Escola
de Chicago,
considerava-o intolerante e a revista The
Economist
chegou a escrever que o seu estilo de debate era próprio do Hyde
Park.
Friedrich
August HAYEK (1899-1992)
É
o economista mais conhecido da chamada Escola
Austríaca em que Mises
é tido como o purista, enquanto Hayek
é acusado de pragmatismo político e de compromisso. Nasceu na
Áustria e tornou-se cidadão inglês em 1938. Nos anos 1930, travou
uma polémica pública com Keynes
sobre como deveria o Estado democrático lidar com a Grande
Depressão que foi ganha pelo lorde inglês ao defender uma
intervenção activa dos Governos a título excepcional
naquele contexto. Mas no debate político, entre mercado capitalista
e planificação socialista, Hayek teve razão por antecipação
contra os que no ocidente defendiam um crescente papel do Estado na
economia e na sociedade e se deixavam inebriar por uma alegada
superioridade da planificação. Em 1944, com o magistral O
Caminho para a Servidão e depois com a A
Ordem Sensória de 1952 passou a ser um marco neste
confronto, mas sempre estabeleceu uma fronteira entre a sua filosofia
pró-mercado e anticolectivista e o conservadorismo. Recebeu o Nobel
em 1974. É considerado uma referência numa das variantes da teoria
dos ciclos económicos onde critica o papel do crédito na
criação de bolhas.
Hyman
MISNKY (1919-1996)
Apesar
de nativo de Chicago, atirou uma seta envenenada às hipóteses da
eficiência dos mercados e
da racionalidade dos agentes
económicos. A sua hipótese era outra: o
sistema financeiro da economia de mercado é intrisecamente instável
e conduz a um padrão repetitivo de euforias e derrocadas.
A única saída é política – a da regulação.
Uma das suas sínteses mais citadas explica a engrenagem "A
hipótese da instabilidade financeira baseia-se num modelo de uma
economia capitalista que não depende de choques externos para gerar
ciclos económicos de severidade variada. A hipótese refere que os
ciclos económicos da história são compostos por dois elementos: 1)
A dinâmica interna das economias capitalistas; 2) o sistema de
intervenções e regulações que é desenhado para manter esta
economia a operar em limites razoáveis." Morreu em
1996 sem ver a consagração dos seus avisos nos crashes de
2000 e depois na crise do subprime de 2007 e no pânico
financeiro de 2008. Muitos economistas reconhecem-no atualmente como
a principal referência para a compreensão do sistema financeiro
contemporâneo e deploram o facto de ter ficado tantos anos na
prateleira.
Eugene
FAMA (1939-....)
É
o pai da teoria dos mercados eficientes
(EMH – eficient markets hypothesis)
que o tem colocado, ano após ano, na corrida ao Nobel da Economia.
Esta ideia proposta em 1970 por este economista norte-americano com
quatro filhos e dez netos que, aos 71 anos continua a leccionar na
Universidade de Chicago, defende que o
preço dos activos reflecte toda a informação disponível em cada
momento e que, por isso, os investidores não conseguem ter ganhos
anormais. Uma forma de dizer que o mercado é perfeito
na avaliação dos activos, algo que esta crise e várias outras
vieram contradizer. Doutorou-se em 1964, com a tese The
Behaviour of Stock Market Prices na Universidade de Chicago
onde sempre deu aulas. Confessou recentemente não ter noção de que
a sua teoria era seguida tão de perto nos mercados financeiros.
Robert
LUCAS (1937-....)
Também
da Universidade de Chicago onde se doutorou em 1964, como Eugene
FAMA, Lucas trouxe para a teoria
económica as expectativas racionais.
Um conceito que o ajudou a chegar ao Nobel em 1995 e que defende que
os agentes económicos são racionais nas suas decisões, que
usam de toda a informação disponível e que não cometem
erros sistemáticos. Algo bastante útil para a resolução de
modelos matemáticos, já que isto significa que os agentes conhecem
o modelo e decidem com base nele. Uma ideia que se aproxima da
eficiência dos mercados de FAMA e que, no fundo, significa que os
agentes utilizam de forma eficiente e racional a informação que têm
disponível. Filho de dois admiradores do New
Deal de Roosevelt, foi
um dos economistas que mais contribuiu para contrariar as ideias
keynesianas a partir da década de 1970.
O meu Clube de Leitura
Os meus filmes
1.º
– As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv
2.º
– O Cemitério de Lagos
3.º
– Lagos e a sua Costa Dourada
Os meus blogues
http://www.psd.pt/
Homepage (rodapé) - “Povo Livre” - salvar (=guardar)
http://www.arteemgestao.pt/
(empresa de consultoria e
negócios utilizando a metodologia 'coaching')
Sem comentários:
Enviar um comentário