Lagos,
28 de Janeiro de 2013
Emigrantes
Portugueses
A
emigração é infelizmente uma das características da sociedade
portuguesa; só que a atual está a atingir contornos nunca dantes
alcançados porque, pela primeira vez, a sociedade portuguesa estava
com um bom nível de jovens na universidade e com uma boa percentagem
de formação superior universitária e afinal agora estes jovens,
necessários na sociedade portuguesa para a tornar mais próspera no
novo paradigma que se está a formar, estão quase todos a ir para a
emigração devido à falta de emprego para cá ficarem e ao
ridículo dos salários que os poucos que cá ficam auferem e estes
exemplos são mais um motivo para ironizarem e se rirem com os seus
colegas estrangeiros do que deixaram para trás. Aproximadamente 200
mil jovens saíram de Portugal nos últimos 2/3 anos. Em Portugal,
temos atualmente 70% do emprego em pequenas e médias empresas, 40
mil jovens no desemprego, meio milhão de pessoas a trabalharem a
recibos verdes.
A
emigração tem causas e consequências; estas tornam-se causas que
nos levam a outras consequências e por aí adiante ... A falta de
emprego é uma das causas da emigração e gostaria de me
debruçar sobre esta sua vertente. Gostaria de recordar que durante o
primeiro mandato de Sócrates começou a haver preferência por
certas empresas de amigos, colegas de quem nos governava na altura em
detrimento de outras empresas; começou a haver emprego apenas para
alguns; instalou-se a moda de "gastar e não pagar"
... alguns empresários vieram à praça pública apresentar as suas
queixas, mas de nada lhes serviu. Foi-nos informado através da
televisão que o que se pretendia era uma ditadura; a
democracia era apenas um meio para chegar à ditadura. Com a ajuda da
crise financeira nos Estados Unidos, começaram a ir à falência
muitas pequenas e médias empresas sem que tivessem qualquer apoio,
muitas pessoas passaram a ficar sobreendividadas e foram declaradas
insolventes, muitos fornecedores ficaram sem receber, muitas empresas
faliram por falta de liquidez, ... tudo isto se foi desenrolando em
crescendo ... No segundo mandato de Sócrates, já havia muita
gente a se vestir sempre de negro, jovens e não jovens, parece um
passaporte para estar in e tudo continuou em crescendo ...
O
segundo governo de Sócrates caiu e o principal partido na oposição,
o PSD, ganhou as eleições e formou governo. Para além das famílias
sobreendividadas, das empresas privadas sobreendividadas, o Estado
Português também estava sobreendividado e as empresas públicas
também e havia necessidade de diminuir bastante as despesas do
Estado para o tirar da bancarrota onde estava porque já o
primeiro-ministro Sócrates não conseguia pagar as despesas
correntes do Estado sem o recurso a obrigações do Estado
vendidas no mercado internacional de capitais e depois, aos
empréstimos da Troika. Muitos funcionários públicos foram
para o desemprego, muitos cortes nos rendimentos da população
portuguesa que lhes baixou bastante o poder de compra, muita falta de
clientes no comércio, não surgem novas empresas, os bancos
muito renitentes em conceder crédito a empresas e indivíduos,
muitos e muitos jovens e menos jovens a saírem do país, muitas
crianças a ficarem por nascer em Portugal. Em 2011, foram 32 mil
empresas que faliram; em 2012, foram 27 mil empresas que faliram ...
Durante esta crise, cerca de 73 mil empresas foram à falência,
representando 24% do tecido empresarial.
Se
se tivesse cuidado das pequenas e médias empresas com apoio de vária
ordem para que não fossem à falência, a sociedade sempre
conseguiria absorver e aguentar a diminuição dos funcionários
públicos e o corte nos rendimentos desde que houvesse as condições
para os desempregados que iam surgindo conseguirem criar o seu
próprio negócio e dar trabalho a alguns. Quando se pretende cortar
num lado, temos de primeiro preparar as condições para melhorar
noutro lado e assim canalizá-los e minimizar as consequências do
corte porque, se não as consequências são sempre desastrosas e o
Estado é o primeiro a sofrer consequências com a diminuição das
receitas e o descontentamento geral da população. O único
escoamento para os cortes e a diminuição do emprego que surgiu foi
a emigração que pode trazer aumento das divisas ao Banco de
Portugal, mas muitas consequências negativas como envelhecimento da
população portuguesa, quebra drástica na natalidade, população
portuguesa apenas obediente, sem criatividade nem inovação, marasmo
na economia, diminuição das receitas do Estado, corpo científico
diminuto, uma regressão completa no país a níveis muito difíceis
de quebrar de novo. ❐
Os meus filmes
1.º
– As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv
2.º
– O Cemitério de Lagos
3.º
– Lagos e a sua Costa Dourada
4.º
– Natal de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário