Hoje
venho partilhar convosco leituras que realizei em 2009, mas que me
parecem ainda atuais. Espero que possam ser úteis a alguém.
AS
NOSSAS PME E A CRISE
“As
nossas PME estão ou não preparadas para resistir a mais uma crise?”
texto de Teresa Meneses in revista EXAME n.o 296 de
Dezembro de 2008 p.162
Nos
últimos nove anos, constatei sem surpresa, que em praticamente todos
os anos o ambiente económico era de crise, e/ou incerteza, fraco
crescimento, ... A partir de 2005, iniciou-se um ciclo de maior
crescimento, embora quase imperceptível e agora deparo-me com o
mesmo cenário negativo e e que os tempos próximos vão ser muito
difíceis.
Com
base no universo de empresas que publicaram contas relativas ao ano
de 2007, cerca de 292 mil são PME, sendo que 95% são microempresas
(<10 empregados e <€2 milhões), 4% são pequenas empresas
(<50 empregados e <€10 milhões) e 1% são médias empresas
(<250 empregados e <€50 milhões).
Analisei
o perfil de cada grupo, procurando semelhanças e diferenças
relevantes:
quanto
à antiguidade das empresas nos três segmentos, conclui-se que,
quanto mais pequena, mais jovem é a empresa, embora a maioria nos
três segmentos tenha entre 5 e 20 anos.
Natureza
jurídica nos três grupos está maioritariamente concentrada em
sociedades limitadas ou anónimas, sendo que no segmento das
microempresas temos já 20% como sociedades unipessoais, a recente
alternativa à natureza individual dos pequenos grupos.
Quanto
ao sector de actividade, as micro empresas concentram-se
essencialmente no retalho e nos serviços, as pequenas no sector
grossista, seguido da indústria e construção e as médias nos
sectores grossista e industrial.
Relativamente
ao perfil por nível de risco de insolvência, constata-se que o
risco diminui à medida que as empresas ganham dimensão.
Relativamente
ao crescimento do volume de negócios e a existência de resultados
líquidos positivos: 52% das micro, 71% das pequenas e 76% das médias
empresas cresceram o seu volume de negócios em 2007.quanto à
obtenção de lucro, 57% das micro, 84% das pequenas médias
empresas obtiveram resultados líquidos positivos no exercício de
2007.
As
1000 maiores PME em análise nesta edição da EXAME que representam
30% do total do segmento de médias empresas, 79% cresceram o volume
de negócios e 89% alcançaram resultados líquidos positivos. O
volume de negócios delas cresceu 17% e os resultados líquidos
cresceram 47%.
Os
últimos anos foram particularmente difíceis para a maioria das
empresas portuguesas, mas obrigaram-nas a olhar profundamente para
dentro de si próprias; a necessidade de contenção e de se manterem
competitivas num mercado aberto, os investimentos conscientes em
novas tecnologias e em recursos humanos e a análise atenta dos
mercados de oportunidade contribuíram para o desenvolvimento de
novas capacidades e de uma maturidade fundamental para a sua
sobrevivência, competitividade e prosperidade e estão preparadas
para resistir a mais uma crise.
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ESTRATÉGIAS
PARA VENCER A CRISE texto de Paulo André, partner
da Deloitte
- Aumente a produtividade
A
redução do consumo origina contenção de custos que, por sua vez,
origina abrandamento em cadeia. Não fique pelo corte de custos, o
essencial é reduzir os custos unitários, através do controlo da
exploração e do incentivo à produtividade. Há que determinar os
processos mais importantes para satisfazer as necessidades dos
clientes, concentrando nestes os esforços e recursos,
externalizando os processos não críticos ou nos quais outros
tenham maior competência. Deve ser implementada uma cultura virada
para o desempenho onde o salário esteja relacionado com o rendimento
gerado por cada um. Flexibilizar a estrutura, eliminar níveis
hierárquicos supérfluos, simplificar as práticas e procedimentos
associados aos processos menos importantes permitem sinergias e uma
melhor gestão de recursos. Por outro lado, a atribuição de
responsabilidades a níveis inferiores elimina burocracias
desnecessárias, permitindo a alocação de tempo disponível de
cada um na gestão e controlo do seu processo.
A
concorrência global (redução de nichos), a contenção de custos
e a exigência de níveis de produtividade elevados, constituem um
ambiente favorável às PME face aos conglomerados. Por que não
promover uma política de fusões e/ou associações?
É
possível identificar no mesmo sector PME com uma força de vendas
dinâmica e carteira de clientes atractiva, mas cuja produção
evidencia atraso tecnológico ou limite na capacidade de produção e
outras com capacidade de produção subaproveitada. Várias PME
produzem partes distintas da mesma cadeia de valor, pelo que um
processo de fusão ou associação permitiria uma maior capacidade de
negociação com clientes e fornecedores bem como a partilha de
custos de investigação e desenvolvimento e de procura de novos
mercados.
- Credibilize-se
Instalou-se
um clima de desconfiança e os bancos preferem não conceder crédito,
sacrificando volume de negócios para assegurar menor risco e maior
rentabilidade.
A
disponibilização aos financiadores de planos de negócio fiáveis e
baseados em pressupostos adequados, de preferência validados por uma
entidade credível e independente, constitui um instrumento de
credibilização da viabilidade e rentabilidade do negócio e,
consequentemente, uma garantia de maior facilidade de acesso ao
credito. Os cliente também darão maior atenção à situação
financeira dos fornecedores. Maiores serão as exigências dos
concursos públicos e privados, ganhando peso aspectos como a
capacidade financeira evidenciada pelos vários concorrentes. Isto
facilitará o acesso ao crédito e a vitória naqueles concursos.
Esta credibilização e transparência da informação contabilística
e financeira só se consegue no respeito de políticas
contabilísticas geralmente aceites e com a apresentação tempestiva
de informação relevante, auditada por uma entidade externa,
credível e competente.❐
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in
revista EXAME n.o300
de Abril de 2009; editora IMPRESA Publishing, Lisboa.
“Líderes
em duplicado” texto de Joana Madeira Pereira;
pp.218-21.
João
Costa Pinto e Teresa Lameiras da Seat Portugal:
“Cada
um de nós trabalha na sua área e, mesmo que nem sempre concordemos,
ouvimo-nos um ao outro. Não faço uma campanha sem avisar a outra
parte e o mesmo acontece quando o João Costa Pinto pretende lançar
alguma prática comercial. A gestão pode ser um acto muito
solitário. O facto de termos a possibilidade de conversar, dá-nos
mais segurança pela riqueza que o confronto de pontos de vista
possibilita. Conversamos antes, mas quem lá vai é quem dá a cara.
Ninguém vai de apoio. Temos a coragem profissional de saber aquilo
que queremos. Nenhum de nós é vaidoso. Temos objectivos comuns:
entregamo-nos ao trabalho, apesar das nossas diferenças, com os
mesmos propósitos – vender carros, ter uma empresa rentável,
satisfazer os clientes e fazer com que os colaboradores gostem de
trabalhar aqui.”
Segundo
Maria da Glória Ribeiro,
managing partner da consultora Amrop “a gestão bicéfala
é de origem germânica e funciona muito bem nos ambientes alemães.
Pressupõe obrigatoriamente um grande rigor e uma divisão muito
clara em relação aos poderes de cada executivo.”
Wolfram
von Ohain e Heiko Schletz da Siemens Portugal são alemães
e trabalham juntos desde 2006. Apontam para o facto de existirem
poucas empresas portuguesas segundo o princípio da gestão a dois,
“em Portugal todos querem ser o líder principal. Eu sempre preferi
trabalhar em equipa e tomar decisões consensuais. Se procurasse
apoio numa outra pessoa que estivesse num patamar mais abaixo da
hierarquia e, por isso mesmo, avaliada por mim, ela dificilmente
conversaria comigo sem constrangimentos e de forma completamente
aberta e crítica. Não só as diferentes funções ficam sob a
supervisão de duas pessoas como os próprios métodos podem ser
vigiados. O controlo dos custos é um deles, sobretudo no que diz
respeito a gastos como despesas de viagem. É também uma forma
eficaz de compliance. A gestão a dois permite trabalhar com o
conceito até ao nível da gerência e não tem a ver com
desconfiança. Agradeço o facto de ter alguém ao mesmo nível,”
diz-nos Heiko Schletz.
Wolfram
von Ohain afirma que “uma pessoa não tem o mesmo conhecimento que
duas. A área financeira é complicada e quem domina, precisa de todo
o tempo para nela trabalhar. O mesmo se passa na parte das vendas. De
outra forma, seria difícil gerir a empresa. O facto de sermos duas
pessoas ajuda no coaching. Quando discutimos e partilhamos
ideias, aprendemos sempre alguma coisa um com o outro. A ideia é
sermos um exemplo para todo o staff. É muito importante que
os nossos colaboradores vejam que nós trabalhamos muito bem em
equipa e sigam o exemplo. Antes da nomeação de duas pessoas para a
gestão da empresa convém verificar se existe compatibilidade de
valores pessoais e profissionais.”
Maria
da Glória Ribeiro afirma que “este modelo funciona bem em empresas
onde há uma cultura de disciplina. Muitas vezes coloca imensos
problemas em termos de flexibilidade, sendo fonte de conflitos e
invasão de esferas de poder quando isso não acontece.”❐
BCDS
– Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.
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in
revista EXAME n.o300
de Abril de 2009; editora IMPRESA Publishing, Lisboa.
“Os
20 anos de Dilbert” texto de Sara Fonseca;
pp.232-33.
Dilbert
é um personagem criado por Scott Adams. Scott Adams que foi
despedido do Crocker National Bank, em São Francisco, por ser apenas
mais um funcionário banal a tentar chegar a um cargo de gestão de
topo. Desde miúdo que sofre de uma disfunção espasmódica que
impede as suas cordas vocais de vibrarem normalmente, o que o leva a
treinos de leitura constantes. Tem uma veia criativa de desenho
brilhante.
Neste
mês de Abril de 2009, o seu personagem – Dilbert – festeja 0 seu
20.o aniversário. As suas tiras já foram
publicadas em dezenas de livros e mais de dois mil jornais em 70
países e granjearam a Scott Adams, o National Cartoonist Society
Reuben Award. Presente várias vezes no ranking dos 50 pensadores de
Gestão mais influentes do mundo, chegou mesmo ao 12.o
lugar em 2005.
Dilbert
deve o seu sucesso à empatia que cria com os seus leitores, vivendo
uma realidade kafkiana e ilógica, imersa em ignorância e falta de
ética, tem a coragem de verbalizar, com grande simplicidade, as
verdades corajosas para questões absurdas.
- Ao contrário do que seria esperado, as empresas tendem a promover os empregados menos competentes para cargos de gestão na tentativa de minimizarem o potencial dos erros que estes possam cometer.
- Se o bónus anual não é para todos, o que fazer durante a análise de desempenho individual? Denegrir a imagem dos colegas.
- Qual a melhor política de actuação de um chefe? Explorar os funcionários até ao limite e, quando os seus conhecimentos se tornarem obsoletos, despedi-los.
- Se o chefe não sabe o que fazer, o melhor é tomar alguma medida de dispersão que disfarce a sua incompetência.
- Da definição de orçamentos desajustada à realidade, à penalização dos empregados pelos erros de gestão, à atribuição de projectos condenados ao falhanço, a políticas de recursos humanos de índole questionável, muito é o que o Dilbert tem para usar.
- Quem não conhece um chefe com uma falta de ética constrangedora que usa termos que nem o próprio percebe para disfarçar a sua ignorância.
- Quem dirige o departamento de recursos humanos com um prazer sádico em ver os funcionários preocupados com os seus postos de trabalho.
- Uma secretária que destila ódio e a quem o chefe faz constantemente questão de relembrar que nunca a promoverá, apesar de ter um MBA.
- Um dos engenheiros mais velhos da companhia que detesta o que faz e que tira o máximo proveito de qualquer situação para benefício próprio.
- O recém-contratado, tão inteligente quanto ingénuo, que se esforça em vão por fazer o seu trabalho o melhor possível.
Numa
entrevista à CNN, Scott Adams disse acreditar que o ambiente
empresarial é actualmente mais duro do que há vinte anos.
Resta
esperar pelas novas desventuras deste engenheiro solitário que
prometem não desiludir.
Muita
matéria interessante têm os trabalhadores de todo o mundo para
oferecer a Scott Adams!❐
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in
revista EXAME n.o300
de Abril de 2009; editora IMPRESA Publishing, Lisboa.
“Como
ser um bom chefe” texto de Jack Welch com Suzy
Welch; p.266.
Há
mais maus dirigentes do que se pensa, mas um bom gestor pode mudar a
vida de um profissional. Um bom chefe deve ser íntegro, bom
avaliador, saber criticar e recompensar, não ter favoritos e ser um
apoio nos momentos maus.
Os
maus chefes – aqueles que manipulam, confundem e atormentam os
empregados – prevalecem.
O
que se deve esperar do nosso chefe?
1.o
– É razoável esperar que as suas avaliações de desempenho sejam
justas e que marquem a diferença em relação aos seus pares e
ambições. Um chefe só está a fazer o seu trabalho correctamente,
se os colaboradores poderem contar com as suas críticas
construtivas.
2.o
– É razoável esperar que um chefe tenha favoritos. Afinal, é
normal que o líder queira angariar apoio entre os colaboradores que
estão dentro do “grupo”. O trabalho de equipa exige confiança
nos colegas a fim de compartilhar informações ou criar ideias em
conjunto.
3.o
– É razoável esperar que um chefe não o abandone na hora de
necessidade. Caso contrário, é um líder que se sente vulnerável
na sua própria posição ou, no mínimo, é idiota.
4.o
– É aceitável esperar que um chefe ofereça recompensas pelo bom
desempenho. Sabemos que pode parecer estranho falar de compensações
durante este período de recessão, mas qualquer bom chefe sabe o
quão importante é motivar os seus colaboradores.
5.o
– Deve-se esperar um chefe íntegro, mas é importante manter
sempre a dúvida, pois pode estar na hora de seguir em frente e
procurar outra empresa, mas esteja preparado para conviver com um
conjunto de expectativas realistas.❐
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